Lygia Clark, Arquiteturas biológicas, 1969.
O movimento Neo-concretista foi um movimento nas artes plásticas e começou em 1957 no Rio de Janeiro. Hélio Oiticica e Lygia Clark, expoentes do experimentalismo nas artes plásticas nos anos 1960 e 1970 no Brasil construíram percursos que nasceram na pintura e se projetaram para o espaço tridimensional. Como vetor motriz comum, o conceito de “não-objeto” formulado pelo crítico Ferreira Gullar os articula na superação de uma arte de cunho geométrico-representacional para a proposição de experiências artísticas vivenciais centradas no corpo.
Falando de suas obras experimentais, Clark afirma:
“ Aqui não se trata da participação pela participação, nem da agressão pela agressão, mas que o participante dê um sentido a seu gesto e que seu ato seja nutrido de um pensamento: a ocorrência do jogo coloca em evidência sua liberdade de ação.” (Clark, 1980: 27)
A intenção dessa nova linguagem artística é a “quebra da moldura”, a ruptura do convencional e a participação ativa do espectador. O espectador vira co-autor das obras e só revela um significado com esse ato.
Segundo Clark:
“O corpo, na experiência das Arquiteturas Biológicas é o núcleo de uma arquitetura celular. Nela, o gesto é o cerne da formação das células; é o corpo que se comunica, que se relaciona com outros conformando um tecido celular, uma arquitetura viva, que existe enquanto existe a experiência da manifestação coletiva. Para a artista, o habitar torna-se o equivalente do comunicar, ou relacionar-se. O corpo e suas potenciais relações é a chave do espaço topológico, espaço-estrutura relacional, conformado por elementos relacionáveis e redes de relações.”
Para compreender essa nova estética, basta considerar o que é mais forte, o uso de um sentido (visual, nas artes plásticas convencionais) ou o uso de vários sentidos (experimentação). Com a interação nessas obras, todos os sentidos são usados e torna a experiência mais real. A arte tridimensional e a interação parecem ser o caminho para o futuro. Experimentação é a palavra chave em termos de comunicação dessa nova linguagem. A obra Arquiteturas Biológicas de Clark propõe exatamente essa experimentação e usa o corpo como arte e trata de integrar arte e vida, incorporando a criatividade do outro e dando ao público o suporte para que se exprima.
Para Ferreira Gullar, a ação de Lygia Clark “trata-se de uma corajosa tentativa de dar na própria experiência perceptiva a transcendência dessa experiência.” (Gullar in Clark, 1980: 8)
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