segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Diálogo: Óculos




Artista neoconcreta, terapeuta, feiticeira, anti-artista. Entidade mutante, Lygia Clark (1920-1988) ficou conhecida sob diversas formas. Após uma série de descobertas ao longo da década de 1960, ela própria deixou de se considerar artista e passou a se autodefinir como “pesquisadora do corpo”.

Lygia contribuiu para a renovação da linguagem plástica no meio artístico no Brasil, aderindo à pintura abstrata geométrica, preocupada em explorar as possibilidades compositivas do plano e do espaço pictórico. Tentava encontrar um novo espaço, capaz de romper com a representação bidimensional do plano e integrar-se aos sentidos do espectador.

O interesse de Lygia na busca da interação humana e nas dinâmicas de grupo a levou à criação de diversos objetos que são relacionados à comunicação.
Os óculos criados por ela para esse diálogo não só afetam a visão propriamente dita, mas mudam o jeito de enxergar.



Com equipamentos que utilizam pouca tecnologia para sua produção, as proposições Óculos e Diálogo: óculos, de 1968, são variações uma da outra e também funcionam como dispositivos que alteram as referências – aqui predominantemente visuais – que nos servem de apoio. A primeira proposição é para ser utilizada por uma só pessoa e, a segunda, como o próprio nome diz, estabelece um diálogo entre participantes e as imagens percebidas.

Esses objetos são feitos a partir de óculos de mergulho que se conectam a lentes por uma sanfona de metal. A articulação das lentes feitas de espelho (com 5cm de diâmetro), promove diversos pontos de vista, fragmentando a percepção visual do participante.


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